EDUARDO JOÃO MARTINHO, nasceu em 16/11/1936, na freguesia de Chamusca, no seio
de uma família humilde. A mãe era empregada doméstica e o pai operário fabril.
Devido às condições económicas familiares vê-se obrigado a interromper os
estudos após terminar a 4.ª classe e apenas com 10 anos de idade vai trabalhar
para um armazém, com a perspectiva de no futuro vir a tornar-se empregado de
escritório.
Contudo, os pais tinham outras ambições para aquela criança e por essa razão a mãe foi interceder pelo filho junto de António Dores do Carmo, Chefe da Repartição de Finanças da Chamusca e pessoa influente, que não só viria a conseguir um emprego melhor para o pequeno Eduardo, como tornou possível que ele fizesse o exame de admissão e passasse a frequentar o colégio da Vila.
Contudo, os pais tinham outras ambições para aquela criança e por essa razão a mãe foi interceder pelo filho junto de António Dores do Carmo, Chefe da Repartição de Finanças da Chamusca e pessoa influente, que não só viria a conseguir um emprego melhor para o pequeno Eduardo, como tornou possível que ele fizesse o exame de admissão e passasse a frequentar o colégio da Vila.
Depois, devido à sua inteligência e ao apoio sempre
fundamental de António Dores do Carmo com quem acabaria por estabelecer e manter uma
forte Amizade ao longo da vida, Eduardo Martinho terminou os estudos
secundários no Externato Braamcamp Freire em Santarém e entrou na Faculdade de
Ciências de Lisboa onde, com grande esforço e árduo trabalho, como
trabalhador-estudante, conclui a licenciatura em Ciências Físico-Químicas em 1961.
Quase de seguida começa o seu trabalho na Junta de Energia Nuclear em Sacavém que, em 1962, o envia para França, com o objectivo de frequentar, em Paris, um curso de formação em Física de Reactores Nucleares, o qual conclui com êxito em 1963. E, inesperadamente mas como um prémio, devido à excelência do seu trabalho, recebe o convite para ficar a desenvolver as suas actividades de investigador naquele país, onde permanece até ao ano de 1965.
De regresso a Portugal, volta ao Laboratório Nuclear de Sacavém e
simultaneamente acumula as funções de docente na Faculdade de Ciências de
Lisboa. Com um ritmo de trabalho extraordinário vai igualmente publicando com regularidade artigos técnico-científicos.
Entretanto, devido ao reconhecimento da sua competência, torna-se mesmo o responsável pela “linha de
actividades” Exploração do Reactor Português de Investigação, o único existente na
Península Ibérica.
O auge da sua carreira dá-se no início da década de 2000 com a descoberta de uma “curva universal”, em conjunto com dois outros investigadores portugueses, um passo
muito importante para a Física de Neutrões e que tem sido objecto de análise,
confirmação e estudo por muitos especialistas em dezenas de países, de
quatro continentes.
Estamos pois em presença de um distinto cientista português que, apesar do seu estatuto, cultivou sempre a humildade e a Amizade com
colegas e alunos e, paralelamente a todo o seu imenso trabalho na área
científica, manteve sempre a colaboração com os órgãos de comunicação social da
Chamusca, escrevendo artigos para a revista Chamusca Ilustrada (já extinta) e para o jornal “O Mirante”, para além de o fazer com outros mass media nacionais, como os jornais “Expresso” e “Público”.
Este é o admirável percurso do menino empregado de
armazém que se tornou um Homem e um Cientista de carreira, mostrando com o
exemplo da sua vida que a ciência é também o resultado de muita vontade,
dedicação, trabalho, princípios humanos, colaboração e Amizade.
É com admiração que agradeço a possibilidade de ter
realizado esta entrevista que, para mim, é acima de tudo uma lição.
Existe uma ideia generalizada de que os alunos
sobredotados se revelam logo no Ensino Primário, isso aconteceu consigo?
Não, não aconteceu. Aliás, julgo que a sobredotação
é um conceito relativamente recente. Naquele tempo, a classificação era grosso
modo assim: o aluno era bom, médio ou mau. Penso que o meu estimado professor,
Joaquim Filipe Baptista, me tinha na conta de bom aluno.
Sendo descendente de uma família humilde, apesar de
filho único, assim que terminou a formação na Escola Primária teve que ir
trabalhar. Como é que se processou essa fase na sua infância?
Quando acabei a escola primária, em
Julho de 1946, a preocupação dos meus Pais era “tirar -me da rua,
para não apanhar vícios”. Estive para ir aprender “um ofício”
como carpinteiro, mas o mestre não me aceitou por eu ser muito novo. Quando
completei os 10 anos fui trabalhar no armazém Pedroso & Rodrigues, Lda.,
com a perspectiva de um dia poder vir a trabalhar no escritório. De princípio
foi um tédio ver-me sozinho, sentado atrás de uma secretária, a conferir inutilmente
as somas (sempre certas) de inúmeras facturas de vendas a retalho. Felizmente,
passado algum tempo fui “promovido” a marçano.
Apesar de tudo foi divertido poder encontrar
pessoas conhecidas ao balcão, enrolar cartuchos de papel pardo, aviar quartas
de arroz ou de massa, cortar bacalhau às postas, ajudar na torrefacção do café
e do amendoim, se bem que também tivesse que efectuar serviços menos agradáveis
como carregar mercadorias e varrer a loja ao fim do dia.
Os
seus pais tinham outras ambições em relação a si?
De facto tinham. Por essa razão, em meados do ano de
1948, a minha mãe foi falar com António Dores do Carmo, que era Chefe da
Repartição de Finanças da Chamusca e uma pessoa considerada e influente no
meio. Perante a determinação e os argumentos da minha mãe, ele deu-me a
oportunidade de trabalhar como uma espécie de moço de recados na Repartição, deixando também
a promessa de que iria ver o que poderia fazer para eu frequentar o Colégio que
havia na Vila, que leccionava os actuais 5.º e o 6.º anos e onde só os jovens de famílias
com outras posses económicas podiam estudar.
Foi assim, com o apoio do senhor António Carmo, que
em 1949 fiz o exame de admissão e entrei no Colégio onde, em 1951, conclui o
6.º ano.
As três pessoas que influenciaram o seu futuro
Maria
Emília Cardoso (a sua Mãe).
José
da Silva Martinho (o seu Pai), a ser distinguido por 20 anos de bons serviços
na fábrica “Spalil”.
António
Dores do Carmo, seu grande Benfeitor e Amigo.
Entretanto
deixou de residir na Chamusca. O que é que o levou a ir viver para a cidade de
Santarém?
O que me levou a ir viver para Santarém ― depois de
ter terminado o 2.º ano liceal ― foi o
facto de não haver na Chamusca a possibilidade de prosseguir os estudos. Quem
queria e podia continuar a estudar tinha de sair. Santarém era um dos destinos
possíveis. Que eu me lembre, houve jovens chamusquenses que foram estudar para
Torres Novas, outros para Tomar e até para Santo Tirso.
Fui para ali residir com 15 anos e
beneficiando de uma bolsa de estudo no Externato Braamcamp Freire, completei o actual 9.º ano em 1954 e o actual 11.º ano em 1956.
Para além do percurso académico Santarém foi também
muito importante para mim, porque foi ali que conheci, em 1954, Maria da
Piedade Neves Pinheiro que veio a ser a Mãe dos meus filhos (Paulo Miguel,
Maria Teresa, Maria Helena e Maria Isabel) e a Avó dos meus netos (Bruno, Hugo,
João Guilherme e Inês).
O estudante aplicado ocupava o seu dia-a-dia com outras actividades?
Em Santarém, era eu estudante do ensino secundário,
tive o privilégio de pertencer à equipa de futebol de juniores da Associação
Académica. Esse grupo venceu os campeonatos Regional e Distrital e foi ao
Nacional em 1955/56, com direito a pequenos relatos nos jornais da região e até
a uma fotografia no Mundo Desportivo. Um dos acontecimentos mais
entusiasmantes foi quando o treinador, senhor Madeira, me chamou à parte depois
de um treino e, pela primeira vez, me disse: «Martinho, você joga
amanhã!»
Época
1955/1956 – Equipa de futebol de juniores da Associação Académica de Santarém.
Naquela fase da sua adolescência já brilhava em si alguma centelha ou desejo de vir a tornar-se "famoso" nalguma área?
Na
minha adolescência imaginava, que um dia escreveria em jornais (sem
área definida) e seria “famoso” (entre aspas). Devaneio juvenil, claro, mas a
verdade é que acabei por escrever muitos artigos. Quanto à fama, isso é muito relativo.
Fiquei decerto mais conhecido na minha “rua” pelo que escrevi na revista Chamusca Ilustrada (1977-1983) e
no jornal O Mirante (1987-2001,
2012-2013) ― uma forma de manter a ligação à terra onde nasci e onde
inequivocamente tenho as minhas raízes. O alcance da “fama” (sempre entre
aspas) foi talvez maior pelos artigos publicados nos jornais “Expresso” e “Público” na década de 1990 e por algum sucesso como investigador, que me deu uma credibilidade, digamos assim, acima daquilo que quando adolescente poderia imaginar.
Apesar desse "devaneio juvenil", o seu principal objectivo era estudar. Como é
que se processou a sua ida para a Faculdade?
Terminado em Santarém o Curso dos Liceus, o meu Amigo António Dores do Carmo entendeu
que eu merecia continuar a estudar. Para isso, conseguiu que o director do
Colégio Manuel Bernardes, padre Augusto Pinheiro, me desse um emprego em Lisboa. Durante
a licenciatura (1956-1961) fui aquilo que hoje se designa por
trabalhador-estudante. Ganhava a vida no Colégio ― onde tomava conta de filhos de boas famílias com direito a cama, comida e roupa lavada, e uns “cobres” ao fim do mês ―
e frequentava as aulas da manhã na Faculdade de Ciências, porque
apenas tinha as manhãs livres e um domingo de folga de 15 em 15 dias. Dormia na
camarata dos alunos, levantava-me às 6 horas da manhã, tomava as refeições com
os alunos, vigiava o recreio, tirava dúvidas nas salas de estudo. Foram cinco
anos muito difíceis.
Que
motivações o levaram a escolher especificamente o curso de Físico-Químicas?
Essa é para mim uma questão recorrente, que põe em
evidência que “a vida é feita de acasos”. Em boa verdade, não tinha qualquer
motivação especial e não fui eu quem escolheu o curso, foi antes o curso que me
escolheu a mim. Na conversa havida entre o senhor Carmo e o director do Colégio
Manuel Bernardes, este elencou as possibilidades oferecidas pela Faculdade de
Ciências: Matemática, Biologia, Geologia e Ciências Físico-Químicas, e
acrescentou que Físico-Químicas era porventura o curso que permitiria abrir
mais portas no futuro. Foi assim, por acaso, que “escolhi” este
curso, em que obtive a licenciatura em 1961, tendo de seguida iniciado a minha
actividade profissional na Junta de Energia Nuclear em Sacavém.
1962 – Com António Cordeiro Lopes na sala de comando do Reactor Português de Investigação (RPI).
1962 – Com António Cordeiro Lopes na sala de comando do Reactor Português de Investigação (RPI).
1962
– Com outros investigadores do RPI.
No início da sua carreira é em França que reforça o
seu currículo académico e de investigador. De que forma é que tal sucedeu e se
desenvolveu?
Um ano depois de ter iniciado a minha carreira no
Laboratório Nuclear de Sacavém, fui enviado para Paris, em Outubro de 1962 para
aprofundar a formação em Física de Reactores Nucleares, disciplina que não
existia na Universidade portuguesa. Essa formação teve lugar no Commissariat à
l’Énergie Atomique (CEA) beneficiando de uma bolsa de estudo do Governo
Francês. O objectivo consistia em frequentar o Curso de Génie Atomique
ministrado no Institut National des Sciences et Techniques Nucléaires (INSTN).
O Curso foi concluído com êxito em Julho de 1963, após defesa do projecto
colectivo que nos foi atribuído ― éramos seis estudantes distribuídos por quatro
especialidades ― perante uma dezena de especialistas designados como membros do
júri.
Do Curso fazia parte um estágio de um mês num
Serviço do CEA, o qual foi realizado junto da equipa de Minerve, por
este reactor ter algumas semelhanças com o Reactor Português de Investigação
existente em Sacavém. Acontece que no fim do estágio o engenheiro René Vidal,
chefe da equipa, me convidou para continuar a trabalhar com ele quando
terminasse o Curso no INSTN. Foi assim que acabei por ficar em França até Março
de 1965 e ser co-autor de trabalhos com algum significado, com o que obviamente
a minha formação saiu reforçada.
Com
a Mulher e Amigos no Hotel Blanadet (à esquerda, vê-se o Prof. Galopim de
Carvalho, conhecido divulgador de temas referentes a dinossauros).
1964
– Em Paris, na companhia da sua Mulher.
Depois
de voltar ao Laboratório Nuclear de Sacavém, conjugou o trabalho de
investigador com o de docente na Faculdade de Ciências de Lisboa. De que forma
é que esta dupla actividade o enriqueceu?
Em 1965, ao regressar de França, tínhamos três
filhos pequenos (com quatro, três e dois anos) e decidimos que a Mãe
prescindisse do emprego e ficasse em casa para acompanhar de perto o seu
crescimento. Esta opção, de que nunca nos arrependemos, levou-me a procurar
arranjar um suplemento para o orçamento familiar. A oportunidade surgiu sob a
forma de um concurso e foi assim que me candidatei a assistente do Departamento
de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa. Com isto quero dizer que a minha
ida como docente para a Faculdade se deveu apenas a razões meramente
financeiras.
As actividades em Sacavém e na Faculdade eram
diferentes. Em Sacavém trabalhava num reactor nuclear (realizava experiências)
e na Faculdade leccionava disciplinas como Física Geral (trabalhos práticos) ou
Mecânica Física (aulas teóricas). Dito isto, dar aulas ajudou-me a aprofundar
os meus conhecimentos em matérias básicas, o que sempre tem reflexos positivos
em qualquer contexto da actividade científica.
O maior enriquecimento
que retirei da actividade docente foi porventura o que resultou das relações
pessoais com muitas pessoas, especialmente com os meus alunos, alguns dos quais
vieram a ser gente destacada no panorama da Física em Portugal. Imagine o que
se sente quando há pouco tempo recebi o testemunho seguinte de um distinto
astrofísico que foi meu aluno há 30 anos: «É
com enorme gosto que recebo e leio uma mensagem sua. Gostaria que soubesse que
foi dos melhores professores que tive na FCUL, alguém de quem guardo uma
recordação muito positiva e construtiva». Ou quando se é surpreendido com
dedicatórias de autores de um livro de Física Experimental como estas: «Ao Dr. Martinho, de quem me lembro de umas
aulas práticas fabulosas de Mecânica.» e «Ao Eduardo, com quem tanto aprendi». Estas são razões para uma
pessoa se sentir bem consigo mesma quando conclui que valeu a pena o esforço.
Como
elemento muito activo na faculdade e no RPI, não podia deixar de dar o seu
contributo e participação na 1.ª Conferência Nacional de Física, que decorreu
em 1978 na Fundação Gulbemkian em Lisboa.
A dada altura foi responsável pela “linha de
actividades” Exploração do Reactor Português de Investigação, o único existente na
Península Ibérica. Para que serve um reactor nuclear?
Para saber para que serve um reactor, é preciso
responder antes a esta outra pergunta: O que é
um reactor nuclear? Aqui entramos num terreno mais técnico, menos
acessível, mas vale a pena tentar.
Comecemos por dizer que toda a matéria ― seja sólida
como um seixo, líquida como a água que bebemos ou gasosa como o ar que
respiramos ― é constituída por átomos. Por sua vez, os átomos são
constituídos por três tipos de partículas: protões e neutrões (agrupados no
chamado núcleo atómico) e electrões.
Podemos imaginar um átomo como se fosse um pequeníssimo sistema solar, em que o núcleo atómico é ocupado pelo Sol e os
electrões são os planetas que se movimentam em torno do Sol.
Agora podemos responder, em termos simples, à
pergunta anterior: Um reactor
nuclear é uma máquina onde são produzidos neutrões.
Agora põe-se a questão de saber para que servem os neutrões? Como estas
partículas fazem parte da matéria, neutrões e matéria “reconhecem-se” e,
portanto, pode-se arranjar maneira de os neutrões produzidos num reactor
“entrarem” num determinado material e provocarem alterações que sejam
desejáveis, porque úteis.
Imaginemos, por exemplo, que se quer saber se um
peixe do Tejo está contaminado com certos metais. Explicação simplificada: levando o
peixe (uma amostra do peixe devidamente preparada!) junto dos neutrões produzidos no reactor, durante um certo intervalo de
tempo, o peixe torna-se radioactivo. Retirado o peixe e analisando as radiações
emitidas, pode-se saber se o peixe está contaminado. Este é o princípio da
chamada técnica de análise por activação
com neutrões, que tem amplas aplicações em várias áreas (poluição
ambiental, estudos nutricionais, valorização de recursos do património
cultural, identificação da origem de artefactos antigos, etc.). Uma
curiosidade: uma equipa de Sacavém, de que fiz parte, estudou há anos três
ecossistemas do rio Tejo (junto a Vila Velha de Ródão, Vila Nova da Barquinha e
Valada do Ribatejo) analisando água, sedimentos, plantas aquáticas e peixes
precisamente por esta técnica.
Mas um reactor nuclear serve para outras
finalidades. Permite produzir materiais radioactivos para estudo de
radiofármacos; produzir fontes radioactivas para aplicações industriais;
determinar parâmetros referentes à Física Nuclear; efectuar estudos
relacionados com a Física de Reactores; realizar experiências para determinar a
estrutura de materiais; efectuar testes de “envelhecimento” de instrumentação
nuclear; levar a cabo acções de formação em diversos domínios, etc..
1986
– No seu gabinete.
1993
– Discursando na inauguração, na Golegã, da Rua Dr. Carlos Cacho, primeiro
Director-Geral do Laboratório Nuclear de Sacavém.
As suas investigações na área nuclear tiveram como objectivo
a utilização a nível militar?
Esta pergunta faz-me lembrar uma conversa que tive
há muitos anos com um pequeno rendeiro chamusquense, junto às figueiras que
havia entre a horta e a eira: «Então, senhor doutor, quando é que fazemos a
nossa bomba atómica?». Eu bem tentei explicar-lhe que o laboratório não
trabalhava nessa área, mas ele não desarmou: «Pronto, se não quer dizer por ser segredo, eu compreendo…»
Ao falarmos de energia nuclear, há que fazer
claramente a distinção entre aplicações militares e aplicações pacíficas.
O Laboratório de Sacavém tem dedicado o essencial da sua actividade às aplicações
pacíficas, sobretudo na vertente das aplicações não-energéticas ―
que se estendem desde o domínio da medicina nuclear até ao processamento e
caracterização de novos materiais, passando pelo projecto, realização e/ou
teste de instrumentação e pela aplicação de técnicas nucleares em áreas muito
diversas. As aplicações energéticas
dizem respeito essencialmente à produção de electricidade com recurso a
centrais nucleares.
Apesar
do que disse, o Governo é que tutela o Laboratório
e por vezes os investigadores vêem-se envolvidos nos ditames do poder e nos
problemas que se geram. Que crise delicada os levou a ir falar com o Presidente
da República Mário Soares?
A situação de crise no Laboratório Nuclear de
Sacavém não é fácil de descrever, como acontece em geral quando duas
personalidades de topo ― neste caso, um ministro (engenheiro Mira Amaral) e o
presidente de um laboratório do Estado (Prof. Veiga Simão) ― entram em
conflito. Resumidamente, em Novembro de 1992, soubemos da decisão do Ministro
da Indústria e Energia de excluir o Laboratório da futura estrutura orgânica do
ministério e, ainda, do propósito de “promover o estudo da viabilidade de
constituição de um consórcio com as universidades e outras entidades para enquadrar
as actividades que não fossem extintas”. Ora este tipo de conversa levanta
sempre dúvidas sobre a bondade dos propósitos de quem decide. Em consequência,
os investigadores de Sacavém reagiram e resolveram promover diversas acções em
defesa de um complexo laboratorial bem apetrechado, com prestígio científico a
nível nacional e internacional, e o único existente em Portugal com alguma
capacidade de resposta global no domínio nuclear. Foi com base nesta
perspectiva que em 1993 solicitámos uma audiência ao senhor Presidente da República de
então, doutor Mário Soares, que gentilmente nos recebeu. O final positivo da
crise (em 1994) leva-me a pensar que as nossas preocupações não caíram em cesto
roto.
Grupo
de investigadores do Laboratório Nuclear de Sacavém recebidos pelo Presidente
da República, doutor Mário Soares. Da esquerda para a direita: Frederico Gama
Carvalho, António Pires de Matos (de costas), Maria Ângela Gouveia, Luciana
Catela Patrício e Eduardo Martinho.
Link para Laboratório Nuclear de Sacavém nos Jornais – História de uma
Crise (1992-1994):
Perante o anteriormente referido acha que os políticos estão preparados intelectualmente para perceber e aceitar trabalhos como os seus, ou nessa mesma área?
Ainda que os políticos
sejam maioritariamente da área das Humanidades, grande parte licenciados em
Direito, custa-me a crer que alguns não estejam preparados no sentido da sua
pergunta. Os engenheiros, por exemplo, têm uma formação científica. Mas a
questão é outra: quando há desentendimento entre decisores, a política tem
razões que o entendimento comum não alcança. Por mera decisão política, pode-se
fazer tudo e o seu contrário.
Foi uma certa promiscuidade política que o levou a criticar o considerado “pai” do primeiro satélite português, o Dr. Fernando Carvalho Rodrigues?
De certo modo pode
dizer-se que sim, mas isso são águas passadas, já lá vai uma dezena de anos.
Não achei bem, por exemplo, que Carvalho Rodrigues, que foi meu colega em
Sacavém, tivesse concedido imitar fisicamente o tenor Luciano Pavarotti numa festa do PSD no
Pontal, com o que provocou a risota geral. Todavia, foi um artigo ― que parecia
ter sido feito por encomenda de um ministro ― publicado no Expresso em Março de
1993, exactamente no pico da crise que se viveu no Laboratório de Sacavém, que
me fez reagir. Mas a reacção consistiu apenas em publicar um outro artigo
no mesmo semanário rebatendo os pontos de vista de Carvalho Rodrigues.
Sei que a sua carreira
culminou com a descoberta de uma certa “curva universal”. Qual o seu
significado e qual a importância dessa descoberta para Portugal e a nível internacional?
Como já expliquei, um reactor nuclear de investigação é
uma máquina que produz neutrões, que podem ser utilizados em diversas
aplicações. Em muitas destas aplicações são colocadas pequenas amostras (folhas, esferas, fios ou cilindros) durante
um certo intervalo de tempo no meio onde os neutrões são produzidos. Ao serem
bombardeadas com neutrões, as amostras tornam-se radioactivas. É este o efeito
pretendido. Só que é preciso fazer correctamente os cálculos para se obter o
resultado desejado.
A primeira vez que tomei
consciência disto foi em meados da década de 1960, aquando da produção de uma
fonte radioactiva de irídio no Reactor de Sacavém para ser utilizada no
controlo de soldaduras numa empresa metalomecânica de Alverca. Como não se teve
na devida conta um fenómeno designado por autoprotecção
ressonante, a experiência
saldou-se por um fracasso: em vez da radioactividade pretendida, obteve-se
cerca de metade do valor que se esperava alcançar! A autoprotecção
resulta de os neutrões não se distribuírem uniformemente em toda a amostra ― há
mais neutrões na parte externa do que na parte interna. O factor correctivo
deste fenómeno depende do material que é sujeito à acção dos neutrões e varia
consoante a geometria e as dimensões da amostra.
Desde a década de 1950,
os valores deste factor correctivo eram obtidos internacionalmente caso a caso. Aconteceu que, imprevistamente, um estudo realizado no
Laboratório Nuclear de Sacavém (entre 2000 e 2004) veio revelar a existência de
uma curva única, que pode ser aplicada em todos os casos. A validade dos nossos
resultados tem vindo a ser confirmada por cientistas de muitos países. A
importância da descoberta decorre de ser agora fácil e rápido avaliar bem o
efeito da autoprotecção ressonante ― fenómeno que deu muitas “dores de cabeça”
a muita gente durante meio século.
Esquema
representativo do fenómeno de autoprotecção neutrónica que consiste numa
depressão do fluxo de neutrões no interior da amostra.
Eduardo
Martinho, José Francisco Salgado e Isabel Maria Ferro Gonçalves, a equipa de
investigadores que descobriu a “curva universal”.
A
“curva universal” num artigo publicado em 2004 na Gazeta de Física.
Considera que a riqueza
do seu currículo lhe dá notoriedade a nível mundial?
Objectivamente, a resposta à sua pergunta é negativa.
Poderei ter alguma notoriedade nos meios internacionais onde o meu trabalho é
conhecido ou utilizado, mas “notoriedade a nível mundial” é para gigantes como
Einstein.
Qual é o seu ponto de vista sobre a investigação científica em Portugal?
A investigação científica
ganhou expressão em Portugal especialmente a partir da decisão política de o
Governo ter na sua constituição um Ministro da Ciência. Esta circunstância
deu-se em 1995 com o Governo de António Guterres, sendo ministro o Prof.
Mariano Gago. Desde então o progresso tem sido significativo. Constituíram-se
ou consolidaram-se muitas e boas equipas de investigação científica em diversas
áreas, passou a publicar-se regularmente artigos científicos de qualidade e em
quantidade em vários domínios, o número de doutoramentos aumentou
substancialmente. Claro que actualmente há as dificuldades inerentes à crise
por que passamos (sobretudo de financiamento), mas a capacidade de adaptação
também é maior agora. Numa frase: vejo com algum optimismo a evolução da investigação
científica em Portugal.
Tem conhecimento de que haja investigadores
portugueses ligados à física, às energias, nomeadamente a nuclear, a trabalhar
em organismos internacionais?
Graças à maior
mobilidade dos cientistas na Europa e no mundo e devido também ao
reconhecimento da importância da internacionalização no trabalho científico,
hoje em dia há muitos investigadores portugueses a trabalhar em organismos
internacionais e estrangeiros (universidades, em particular), do mesmo modo que
há muitos cientistas estrangeiros a trabalhar em Portugal. O organismo
internacional onde porventura participam mais portugueses é o CERN (Centre
Européen de Recherche Nucléaire), em Genève ― onde cooperam 20 estados-membros e onde está instalado o maior acelerador de
partículas do mundo. A isto não deve ser estranho o facto de Mariano Gago ter
trabalhado no CERN durante vários anos.
Depois do acidente nuclear de Chernobyl, nunca pôs
em causa a sua investigação na área do nuclear?
Não, nunca tive a mais
pequena hesitação. Nesse acidente houve falhas humanas e de organização que não
deviam ter existido. Do sucedido foram retiradas lições e orientações que foram
tidas em conta e que vigoram no presente. É o que sempre acontece com acidentes
nucleares: as autoridades de segurança aprendem com o passado.
Sendo um investigador do processo nuclear, como vê
o pânico criado à volta dos programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte?
Atendendo ao que se sabe
pelos órgãos de comunicação social, julgo que há razões para recear que
comportamentos menos avisados sejam susceptíveis de pôr em causa a paz no Médio
Oriente e ou no Extremo Oriente. Esta é uma questão muito complexa que só os
responsáveis das grandes nações podem resolver.
Como é que encara as opiniões dos ecologistas
contra os programas nucleares?
Com a maior
naturalidade. Quando conhecem a matéria e sabem do que estão a falar,
constituem um óptimo contrapeso a que é preciso prestar atenção. Em 2004 James
Lovelock ― um conhecido investigador independente e ambientalista inglês ― surpreendeu
muita gente, nomeadamente os ecologistas, ao afirmar uma verdade que tarda em
ser reconhecida: "só a energia nuclear pode deter o aquecimento
global". Para ele, apenas a energia nuclear é uma alternativa realista
aos combustíveis fósseis para suprir a enorme quantidade de energia de que
a Humanidade necessita, sem aumentar a emissão de gases causadores do efeito
estufa.
Há ou não razão para se recear a energia nuclear?
Não, porque
objectivamente se trata de uma das tecnologias mais seguras de que o Homem
dispõe.
Ao longo de todo este percurso que ligação foi o
cientista e o homem mantendo com a Chamusca?
Nasci na Chamusca e aqui vivi até aos 14 anos;
aprendi aqui as primeiras letras; fiz aqui as minhas primeiras amizades; tive
aqui os meus primeiros e inocentes amores; em 1983 comprei a casa para onde fui
com 4 ou 5 anos viver com os meus Pais; a esta casa sempre volto regularmente
desde 1950 até hoje; melhorei-a na década de 1990, porque necessitávamos de um
pouco mais de conforto; eu e a minha mulher, estamos em perfeita sintonia no tocante ao prazer de voltar à
Chamusca sempre que isso se proporciona.
1953
– Participando num torneio de bilhar no Sport Chamusca e Benfica.
1962
– Na assistência aquando da estreia da Revista “Na Cepa Torta”, da autoria do
Chamusquense João Samouco da Fonseca, no Cine-Teatro da Chamusca.
1977
– Almoço realizado aquando do encontro de Professores e Alunos da antiga Escola
Secundária da Chamusca.
1977
– Fotografia de grupo do Encontro de Professores e Alunos da Antiga Escola Secundária
da Chamusca, organizado por João Samouco da Fonseca.
1984
– Visita aos pais na Chamusca.
Mas há outras ligações, que se
prendem com a escrita. Julgo que em 1976, o chamusquense João Samouco da Fonseca ― que eu conhecia
desde miúdo na padaria do seu avô Samouco, onde o meu pai trabalhou ―
convidou-me para colaborar na revista Chamusca Ilustrada que ele pensava
lançar daí a uns tempos. Assim aconteceu, e a revista foi publicada
trimestralmente entre Fevereiro de 1977 e Fevereiro de 1983, tempo durante o
qual escrevi 18 artigos.
Em 1976, ano do acidente de Chernobyl, o
chamusquense Joaquim António Emídio (que eu não conhecia) telefonou-me para me
entrevistar para a Rádio Bonfim, sobre o assunto do momento. Assim
aconteceu, e desse encontro resultou uma sólida amizade que se mantém até hoje.
Talvez em 1986 ele começou a falar-me de um projecto de jornal mensal, a criar
na Chamusca, que sugestivamente se chamaria O Mirante. A ideia
avançou e o primeiro número saiu em 16 de Novembro de 1987. O jornal foi
crescendo, ampliou a área geográfica de influência, converteu-se em semanário e
mudou a sua sede para Santarém em Setembro de 1995. Acompanhou todas as
evoluções tecnológicas na área do jornalismo e acabou por avançar para a net em Dezembro de 2002. Ao longo do tempo, escrevi cerca
de 130 artigos para O Mirante. Esta forma de ligação às gentes da Chamusca tem-se
revelado gratificante. Ainda há dias o Senhor Lino me dizia à porta do café: Lá continuo a ler os seus artigos no Jornal!
O Joaquim António Emídio foi ainda o editor do
livro Energia Nuclear ― Mitos e Realidades, do qual sou co-autor
com o meu colega e amigo Jaime da Costa Oliveira, tendo o livro sido impresso
na tipografia chamusquense A Persistente.
O lançamento foi feito na FNAC-Colombo pelo Prof. José Veiga Simão, em Dezembro
de 2000, tendo assistido à sessão vários chamusquenses. O livro mereceu palavras estimulantes de diversas personalidades e está presente em várias
bibliotecas.
Finalmente, tenho um blogue pessoal intitulado Tempo
de Recordar (http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.pt/) onde a Chamusca está
presente, por exemplo através de muitas fotografias, de um texto de homenagem ao ilustre médico e cientista veterinário doutor José Lino Nunes Petisca, de um
registo sobre a acção desenvolvida na Chamusca pelo meu grande Amigo Senhor
António Dores do Carmo em favor dos mais desvalidos, e de vários textos
afectivos ligados à Chamusca (A última carta; A minha laranjeira; As Lições do Joaquim; etc.).
Que mensagem, como ser humano, gostaria de deixar
para os muitos leitores que nos seguem em Portugal e em todo o mundo?
A melhor mensagem que me ocorre é a que está implícita
neste poema de Ricardo Reis:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Síntese
biográfica:
Marcos relevantes nos primeiros anos da carreira de
investigador:
(a)
Início da actividade na Junta de Energia Nuclear (Setembro de 1961), (Onde se manteve até Abril de 2002, quando se
aposentou);
(b) Conclusão do Cours de Génie Atomique (Saclay, França) em Julho
de 1963;
(c) Trabalho publicado em França, com René Vidal [Mesures des
intégrales de résonance d'absorption (Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zr, Mo).
CEA-R-2840 (1965)];
(d) 1.º artigo publicado numa revista internacional, com José
Salgado (Diffusion and extrapolation lengths of thermal neutrons in water by
a stationary method. Journal of Nuclear Energy, Vol. 22 (1968);
(e)
Artigos publicados com Maria Micaela Costa Paiva: (1) Half-life of Au-198. International Journal of Applied Radiation
and Isotopes,
Vol.21 (1970); (2) Thermal
neutron diffusion parameters in water by the poisoning method. Nuclear Science and
Engineering, Vol. 45 (1971).
Em 1965 foi admitido como assistente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em regime de acumulação com a actividade no Laboratório Nuclear de Sacavém. O resumo do que foi a sua passagem pela FCUL está contido na intervenção do Professor Doutor José Gomes Ferreira em reunião do Conselho Científico (Grupo de Física) realizada em Outubro de 1980:
Em 1965 foi admitido como assistente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em regime de acumulação com a actividade no Laboratório Nuclear de Sacavém. O resumo do que foi a sua passagem pela FCUL está contido na intervenção do Professor Doutor José Gomes Ferreira em reunião do Conselho Científico (Grupo de Física) realizada em Outubro de 1980:
«O Dr. Eduardo
Martinho leccionou aproximadamente 15 anos no Laboratório de Física da
Faculdade de Ciências de Lisboa. Durante este tempo regeu grande número de
disciplinas onde revelou qualidades pedagógicas de grande mérito aliás reconhecidas
pelos seus alunos.
Publicou livros de texto para a maioria das disciplinas que regeu e que foram seguidos por outros docentes. Realça-se este facto porque é raro em Portugal os professores universitários publicarem em livro as suas lições.
Realizou trabalhos de investigação com aceitação internacional.
Tendo eu sido responsável pela entrada do Dr. Martinho para a Faculdade, ficaria de mal com a minha consciência se, no momento em que, com desgosto, o vejo abandoná-la, não manifestasse perante este Conselho Científico o apreço em que tenho as suas qualidades de docente e fizesse realçar o mérito indiscutível da colaboração que deu a este Laboratório.»
Publicou livros de texto para a maioria das disciplinas que regeu e que foram seguidos por outros docentes. Realça-se este facto porque é raro em Portugal os professores universitários publicarem em livro as suas lições.
Realizou trabalhos de investigação com aceitação internacional.
Tendo eu sido responsável pela entrada do Dr. Martinho para a Faculdade, ficaria de mal com a minha consciência se, no momento em que, com desgosto, o vejo abandoná-la, não manifestasse perante este Conselho Científico o apreço em que tenho as suas qualidades de docente e fizesse realçar o mérito indiscutível da colaboração que deu a este Laboratório.»
Para Eduardo Martinho, de entre
os seus trabalhos científicos, os mais importantes, pela originalidade e importância prática dos resultados, são os
que foram publicados em final de carreira, entre 2001 e 2004, em co-autoria com José
Francisco Salgado e Isabel Maria Ferro Gonçalves, referentes à descoberta de
uma curva universal relevante
no domínio da Física de Reactores Nucleares / Física de Neutrões.
(Pode encontrar um post explicativo dedicado a este tema no link abaixo indicado)
http://tempoderecordar- edmartinho.blogspot.pt/2016/ 08/neutron-self-shielding-o- que-e-isso_15.html.
(Pode encontrar um post explicativo dedicado a este tema no link abaixo indicado)
http://tempoderecordar-
Desses trabalhos, são de
destacar os três seguintes:
(a) Universal curve of epithermal neutron resonance self-shielding factors in foils, wires and spheres.
Applied
Radiation and Isotopes, Vol. 58 (2003);
(b) Extension to cylindrical samples
of the universal curve of resonance neutron self-shielding factors.
Nuclear
Instruments and Methods in Physics Research B, Vol. 213 (2004)
(c) Universal curve of thermal
neutron self-shielding factors in foils, wires, spheres and cylinders.
Journal
of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, Vol. 261 (2004).
Cientistas de vários países [Alemanha, Argélia,
Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, China, Coreia do Sul,
Cuba, Dinamarca, Egipto, Eslovénia, Estados Unidos da América, França, Holanda,
Hungria, Índia, Itália, Japão, Paquistão, Portugal, Reino Unido, Roménia, Suíça,
Taiwan e Vietname] e de (2) instituições
internacionais [EU/Joint Research
Centre (Geel, Bélgica; Petten, Holanda; Ispra, Itália) e IAEA (Viena)] têm vindo a citar os
trabalhos publicados entre 2001 e 2004 em artigos referentes a diversos
domínios científicos, nomeadamente metrologia de radiações de reactores nucleares,
determinação de parâmetros nucleares (secções eficazes e integrais de ressonância),
análise por activação com neutrões, produção de radioisótopos para aplicações
médicas.
Uma equipa canadiana da École Polytecnique de Montréal resumiu assim a inovação do trabalho feito em Sacavém:
«(…) Historically,
the calculation of Gth and Gep [Gepi or
Gres] was extremely difficult, and it was recommended
to dilute the samples to avoid self-shielding. Fortunately, [Portuguese] reactor physicists recently showed that
the amount of epithermal as well as thermal self-shielding could be expressed
by the same analytical function, a sigmoid, for all nuclides.
(…)»
[in C. Chilian, R. Chambon, G.
Kennedy: Neutron self-shielding with k0-NAA irradiations.
Nuclear
Instruments and Methods in Physics Research A, Vol.622 (2) (2010)]
Os seus trabalhos publicados entre 2001 e 2004 encontram-se reunidos no website intitulado
“Neutron Self-Shielding – Towards Universal Curves” – Link: http://edmartinho.wordpress.com/
“Neutron Self-Shielding – Towards Universal Curves” – Link: http://edmartinho.wordpress.com/
Visitas do site “Neutron
Self-Shielding – Towards Universal Curves”
(442,
na escala de cores, corresponde ao número de visitas provenientes dos Estados
Unidos da América; número total de visitas: 3.865).
Comentários no facebook e no blogue:
Adenda (Nov.2013):
ResearcherID – Web of Science: http://www.researcherid.com/ rid/K-9769-2013
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Caro Senhor João José Bento,
ResponderEliminarMuito obrigado pelas suas amáveis palavras, que me dizem muito.
Cordiais saudações,
Eduardo João Martinho
Não tenho (ainda) o grato privilégio de conhecer pessoalmente o Sr. Dr. Eduardo João Martinho. Todavia acompanhei os seus escritos na Revista "Chamusca Ilustrada", que guardo religiosamente, assim como acompanho o seu interessantissimo blog "tempo de recordar" - http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.pt/ -. É, sem dúvida, mais um trabalho extremamente importante por parte do Carlos Oliveira, no sentido de continuar a divulgar estes corações e almas Chamusquenses que enriquecem, ainda mais, a nossa querida e estimada Terra. A ambos o meu profundo reconhecimento.
ResponderEliminarRaul Caldeira.
Prezado Senhor Raúl Caldeira
EliminarFico-lhe grato pelas suas palavras. A todo o tempo é tempo de nos virmos a conhecer pessoalmente. De qualquer modo conheço o seu “perfil” através do blog “De Porta Aberta”. Concordo que o Carlos Oliveira (sem esquecer os colaboradores) tem feito um trabalho muito meritório dando a conhecer a Chamusca “ao mundo” via net. Muitos mais chamusquenses merecem estar nesta galeria, assim correspondam eles à sua intenção de os ouvir.
Melhores cumprimentos,
Eduardo João Martinho
Excelente trabalho, Carlos Santos Oliveira. Mais um excelente trabalho sobre um dos nossos conterrâneos. E neste caso um dos mais ilustres e brilhantes. Parabéns.
ResponderEliminarDignificar a Chamusca e os Chamusquenses foi, desde sempre, o meu único objectivo ao criar os "Corações da Chamusca".
ResponderEliminarNeste sentido, agradeço a todos os que têm acreditado neste trabalho sério e sincero, dando-me entrevistas, opiniões, colaborando comigo, comentando e visitando o blogue por todo o mundo.
Parabéns, pela vossa dedicação e carinho.
Apesar de quase 50 anos de convívio e amizade, ainda havia algumas facetas da tua vida que ignorávamos, Obrigado por no-las teres dado a conhecer.
ResponderEliminarUma vida bonita. Parabéns! Esta entrevista é afinal uma homenagem de reconhecimento do valor de um Chamusquense que ao longo da sua vida sempre tem tido presente a sua terra natal. Manuela e Manuel Ribau
Caríssimos Manuela e Manuel
EliminarMuito obrigado pelas vossas palavras, que levo à conta da nossa velha Amizade. Um "miminho" assim sabe sempre bem! Bem-Hajam!
Um fraternal abraço,
Eduardo Martinho
A tua história de vida que acompanhei desde que iniciaste o namoro com a minha irmã...alegra-me sempre ver estes relatos e as crónicas que te são dirigidas e que me enchem o coração...Bem haja pela partilha!!!
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