O Tejo não é somente um retrato da paisagem da
Chamusca. Ele é um leito da nossa identidade. Uma correnteza de sangue a pulsar
no interior das nossas veias.
Filhos
do Tejo serão alguns, os que nasceram no parto dos seus barcos, trazendo as
redes cheias de vida da profundidade do seu ventre. Mas todos fomos gerados do
seu passado; alimentados da carne do seu peixe; banhados na bacia do seu
caudal; no lavadouro das suas águas lavámos a roupa que secámos sobre o
estendal dos salgueiros; nele demos de beber à sede das manadas e dos rebanhos
que seriam depois servidos à mesa das nossas refeições; ele irrigou os campos
agrícolas de uma natureza farta e verdejante.
Meninos, de pés na água,
raízes de homens e mulheres nos tornámos, crescendo livres na correnteza
permanente da memória.
Por vezes, de olhos cheios,
num sentimento e numa visão de lágrimas ele derramou-se e irrompeu pelo casario
causando tristeza e pânico, lançando-se ao corpo da Vila num abraço de
incontida liberdade. Ou submergiu os corpos, em fundões de lodo, silenciando os
gritos dos afogados.
Mas
o Tejo faz parte do corpo da Chamusca, é um pedaço de nós, por isso iremos
continuar a admirá-lo, a senti-lo mergulhar dentro dos nossos sentidos,
respirar nas nossas guelras, embarcar na viagem feliz a caminho do destino de
desaguar na foz da nossa alma.
&&&&&
Apresento, a seguir, uma galeria de chamusquenses que têm
expressado e manifestado a sua ligação ao Rio, que lhes corre à porta, através
da fotografia e que, ao longo do tempo, foram abrindo margens, fazendo a
Chamusca e o Tejo desaguar nos olhos do mundo, através de trabalho, talento e
muita paixão, assiduamente divulgados na internet através do facebook, de blogues
e sites nacionais e internacionais de cariz fotográfico e, igualmente, apresentados
e representados em exposições fotográficas, publicações, colaborações e
participações em diversos eventos. No meu entender, eles são como pequenos
afluentes da imagem e sensibilidade do leito do Tejo.
Filme
fotográfico, acompanhado pelo fado “Nossa Senhora do Fado”, com letra e música de
José Cid e cantado pelo fadista Manuel João Ferreira.
José de Jesus Bento Cabaço, nasceu a 11 de Dezembro de 1927 e faleceu a 6 de Abril de
2004.
Exercia
a profissão de barbeiro quando, aos vinte e poucos anos, com o seu grande amigo
Fernando Borges Lázaro, começou a fazer experiências na área da fotografia.
Depois, através da aprendizagem em acções de formação, foi desenvolvendo as
suas capacidades e tornou-se fotógrafo profissional.
Foram 58
anos a tirar fotografias às gentes e à paisagem da nossa Terra. Tendo sido,
durante um largo espaço de tempo, o único fotógrafo profissional no concelho da
Chamusca, percorrendo todas as Freguesias para tirar retratos às suas paisagens
e aos seus habitantes e fazer a reportagem de casamentos, baptizados e festas
diversas, deslocando-se numa bicicleta a motor.
As
lentes das suas máquinas captaram e guardaram as memórias de gerações de
pessoas. Fotografaram os momentos, as mudanças e a evolução da história
sócio-cultural e desportiva do concelho da Chamusca.
Com a
criação da “Semana da Ascensão” foi, durante muitos anos, um expositor
permanente no certame.
Publicou
o livro de fotografias “Regresso ao Passado”, com textos de Pedro M. S.
Queimado, onde se encontram reunidas algumas dezenas, dos milhares, de
fotografias que fazem parte do seu espólio e arquivo fotográfico.
Homem de fina sensibilidade e paixão pela poesia,
considerava-se fotógrafo e “fazedor de versos”:
“Fazer bem estou contente
é o mais lindo desta
vida
ser honesto e ser
gente
ao ver uma bandeira
erguida.”
A homenagem que lhe foi prestada, em vida, pela Câmara
Municipal da Chamusca, foi o devido reconhecimento pelo mérito do seu trabalho.
&&&&&&
José António Cabaço (Zé Cabaço), nasceu a 1 de Fevereiro de 1953.
Aos 13 anos, quando deixou de estudar, começou
a dar os seus primeiros passos na área da fotografia, aprendendo com o seu tio
José Cabaço, que era fotógrafo profissional e tinha uma loja na Chamusca.
Depois, durante 44 anos, ali exerceu profissionalmente a sua actividade e
desenvolveu as suas capacidades para a “arte” fotográfica. Actualmente já se
encontra reformado, mas percorre o concelho da Chamusca e algumas zonas do País
a captar os rostos e as paisagens, para guardar memórias das gentes e das suas
terras e porque, segundo ele, “a
fotografia é uma das grandes paixões da sua vida.”
Exposições
realizadas:
“Revolta no Firmamento”,
que decorreu de 6 a 20 de Novembro de 2010, na Galeria do Sport Operário
Marinhense, na Marinha Grande. Esta foi uma exposição a dois, onde expôs também
o chamusquense Salomão Fresco.
Nos dias 29/30 de Julho de 2011, colaborou na
exposição colectiva integrada no espectáculo “Tejo Cais da Lezíria”, realizado pela Companhia de Teatro do
Ribatejo e exibido no Porto das Mulheres, na Chamusca.
Individualmente
realizou as exposições “Chamusca do
Passado ao Presente”, exposta de 16 a 20 de Maio de 2012 no Cine-Teatro da
Misericórdia, na Chamusca; “Rostos d’
ontem do passado de amanhã”, exibida de 6 a 31 de Julho de 2012 no Mercado
Municipal da Chamusca e “Nuvens… com
Rosto”, que esteve patente ao público de 8 a 12 de Maio de 2013, no
Cine-Teatro da Misericórdia da Chamusca.
Esteve ainda representado na exposição
colectiva “Terra Branca”, realizada
de 13 de Março a 5 de Abril de 2013 na Biblioteca Municipal Ruy Gomes da Silva,
na Chamusca.
Relativamente
às suas fotografias sobre o Tejo e os seus sentimentos ao captá-las, define-os
da seguinte forma: “nasci e vivo ao pé
do Tejo e fotografá-lo é recordar a minha vida, mas é também um prazer poder
captar a beleza do rio.”
&&&&&
Salomão Fresco, nasceu
em 14/07/1969.
Não sendo um profissional desta área é, no
entanto, desde há muitos anos uma pessoa que dedica muito do seu tempo e da sua
sensibilidade à captação de imagens fotográficas, porque para ele “a fotografia é um hobby e uma paixão
antiga, tento fugir aos convencionalismos, aos "clichés", e ser
original.”
Exposições
realizadas:
“De Pés bem Assentes
na Terra”, exibida de 6 a 20 de Novembro de
2010 na Galeria do Sport Operário Marinhense, na Marinha Grande, onde expôs com
o também chamusquense Zé Cabaço.
Participou
na colectiva integrada no espectáculo
“Tejo Cais da Lezíria”, levado a efeito nos dias 29 e 30 de Julho de 2011,
no Porto das Mulheres, na Chamusca.
Fez
parte do grupo de fotógrafos que estiveram representados na exposição “Terra Branca”, que decorreu de 3 de
Março a 5 de Abril de 2013 na Biblioteca Ruy Gomes da Silva, na Chamusca.
O seu sentimento em relação ao Tejo é tão profundo, quanto
as palavras que explicam o porquê de fotografá-lo: “é a imagem deste rio, artéria vital do nosso Ribatejo, senhor da
planície, pão, sangue e lágrimas destas gentes, que procuro descobrir e dar a
conhecer.”
Publica
regularmente os seus trabalhos em:
&&&&&
Victor Gago,
nasceu a de 27 de Julho de 1967.
Trabalha para o Município da Chamusca e tem
como hobby a fotografia, que surgiu na sua vida quando, ainda jovem, lhe foi
oferecida a primeira máquina fotográfica a qual ainda tem
em seu poder.
A
maioria dos seus trabalhos estão relacionados com fotografia sobre a natureza e
a vida selvagem.
Para
ele, e servindo-se da citação de um autor desconhecido,
“Fotografar é congelar o momento, é travar um
instante, é segurar o tempo, é tornar tudo importante, cada detalhe se mostra,
cada cor se revela, nada se deixa passar, nada é irrelevante. É observar o
segundo pela forma mais bela e ter nas mãos o tempo. Tão fascinante quanto o
poder é poder fotografar...”
Exposições em que participou:
“Tejo Cais da Leziria” –
Exposição colectiva sobre o Rio Tejo, que decorreu nos dias 29 e 30 de Julho de
2011, integrada no espectáculo com o mesmo nome e realizado no Porto das
Mulheres, Chamusca.
“Uma Terra, Tantas Imagens”
– Exposição “SFA”80 Anos – Socidade Filarmonica Alpiarcense 1º de Dezembro. Realizada
de 03 a 11 de Dezembro de 2011 no salão dos Bombeiros Voluntários de Alpiarça.
Constituída por fotografias captadas na 1º Maratona de Fotografia de Alpiarça e
onde expuseram cerca de 30 fotógrafos amadores.
“Terra Branca”, exposição colectiva, realizada
de 3 de Março a 5 de Abril de 2012 na Biblioteca Municipal Ruy Gomes da Silva,
na Chamusca.
Exposição colectiva
“Avieiros do Tejo”, organizada pelo Grupo de Fotógrafos Amadores do Ribatejo e
levada a efeito no dia 1º de Maio 2012 na Junta de Freguesia de Vale Figueira
(3º Dia Nacional do Avieiro) e reposta em Julho de 2012.
“O Outro Lado da Cor” –
Organizada pelo Grupo de Fotógrafos Amadores do Ribatejo e exposta em:
Chamusca
– Semana da Ascensão, de 8 a 12 de Maio de 2013;
Abrantes
– Biblioteca Municipal António Botto, de 12 de Junho a 4 de Julho de 2013;
Golegã
– Casa Estúdio Carlos Relvas, integrada na Feira de São Martinho, de 01 a 11 de
Novembro 2013;
Participação
em publicações:
Festival de Imagem de
Natureza (CINCLUS) – Participação colectiva de fotografia de Natureza e Vida
Selvagem, Janeiro de 2011 e de 2012.
Participação na Revista “É
Ribatejo”.
Publicação da fotografia
“Lua Azul” na revista “National Geographic”.
Colaboração com a
“Naturadata” com fotografias sobre a fauna e flora.
Participa
anualmente no Fim de Semana Europeu de Observação de Aves, no Boquilobo, com a
organização da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e QUERCUS de Ourém.
Publica
regularmente os seus trabalhos em:
&&&&&
Vítor
Manuel de Oliveira Maia, nasceu em
19 de Novembro de 1963.
Segundo ele, “a fotografia é a forma de captar o que os olhos vêem, mas através das
lentes ou seja imortaliza o que os seus olhos vêem e a minha alma sente.
É
uma forma de marcar o passado, o presente e mais tarde o futuro. As fotografias
são uma fonte de memória, através delas podemos guardar varias recordações do
que vamos vivendo e podemos vê-las sempre que tivermos saudades.
Fotografar
para mim é uma paixão é uma maneira de dar a conhecer um pouco de mim.
Não
há nenhum termo certo que demonstre o que se sente ao fotografar, pois cada
pessoa ao fazê-lo demonstra sentimentos diferentes.”
Relativamente a exposições,
esteve representado na exposição colectiva “Terra Branca”, realizada de 13 de
Março a 5 de Abril de 2013 na Biblioteca Municipal Ruy Gomes da Silva, na
Chamusca.
Os motivos que o levam a
tirar fotografias ao rio, são assim exprimidos: “ao fotografar o Rio Tejo sinto-me livre, tal como as suas águas que
percorrem o seu caminho à procura de novos horizontes, tentando assim
transmitir às pessoas que as vêem a sensação de liberdade.”
Agradeço a todos os que colaboram e estão representados neste Trabalho. Agradecimentos ainda para Anabela Cabaço e Armando Alves, que tornaram possível falar sobre José Cabaço e publicar algumas das suas fotografias.
Agradecimento especial para o meu filho Daniel Oliveira, que construiu o postal que abre esta página e realizou o filme que é um "retrato musicado" sobre a alma que envolve o Tejo.
Comentários:
Comentários:
|