CORAÇÕES DA CHAMUSCA
Em todas as localidades existem pessoas que, pelo seu
empenho nos aspectos desportivos, culturais e sociais, foram e são como
pequenos corações a insuflarem de vida a sua Terra. Devido aos caprichos
humanos, dentre eles um tão cruel como é o esquecimento, estes Homens e
Mulheres nunca viram reconhecido e valorizado o seu trabalho, com a estima que
a sua dedicação merecia.
Pela importância que lhes atribuo no desenvolvimento
da Chamusca, não os podia esquecer e deixar de lhes manifestar o respeito que
me merecem e ter o prazer de partilhar com eles momentos das suas vidas e da
história da nossa Vila.
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Vítor Manuel Martinho Cegonho,
nasceu em 01/10/1946 na Chamusca e é actualmente tipógrafo reformado. Durante
quarenta anos foi uma grande referência no desporto do concelho da Chamusca. No
meu entender, para além de treinador foi um excelente formador de homens.
Humilde, sensível e inteligente, soube sempre, com dedicação e frontalidade,
educar as crianças, os jovens e os homens para os princípios e valores da vida.
As suas equipas ganharam vários troféus de disciplina, devido à educação que
levavam para o campo de futebol.
Os seus jogadores, ou os seus alunos, tiveram o
privilégio, durante gerações, de desenvolverem talento e humanidade com os seus
ensinamentos.
Por tudo o que referi, entendo que merecia uma justa
homenagem. Esta entrevista é apenas uma forma que encontrei para agradecer,
enaltecer e respeitar a figura deste HOMEM.
- Quando e onde começou o se percurso no futebol?
O meu percurso no futebol começou quando eu tinha 15
anos. Como não havia na altura qualquer equipa federada, nós reuníamos um grupo
de amigos e fazíamos alguns jogos amistosos com Ulme e com a Golegã.
Aos 17 anos ingressei no União de Almeirim como júnior,
isto na época 65/65 na qual nos sagrámos campeões distritais.
No serviço militar continuei a praticar desporto e
como jogador de futebol fiz parte da selecção do regimento de Elvas e também da
selecção da Escola Prática de Engenharia em Tancos.
1969 - Selecção da Escola Prática de Engenharia de Tancos
- Depois abraçou a carreira de treinador
de futebol amador. Durante quantos anos o fez?
Abracei a carreira de treinador amador e também como
dirigente durante cerca de 40 anos. Tudo começou nos finais dos anos 60.
Possuo o diploma de treinador de Nível 1 e ainda o
Diploma de Reciclagem, referente aos anos de 1989 e 1990
Faziam parte desta equipa (em cima, da esquerda para a direita), João José Bento, João Francisco Godinho, José Maria Godinho, José Mira, António José Salvaterra, António Parreira e Vítor Cegonho. Em baixo, pela mesma ordem, Manuel João Laurentino, Manuel José Eva, Manuel Jorge Mira, Armindo Valério, Avelino Jesus, António Claro e João Cardador.
- Quais os clubes e os escalões em que trabalhou?
Trabalhei no Grupo Desportivo Chamusquense nos
escalões de Iniciados, Juvenis e Juniores.
No União Desportiva de Chamusca nos escalões de
Infantis, Juvenis, Juniores e uma época com Seniores.
Trabalhei no Grupo Desportivo do Pinheiro Grande na
Categoria de Seniores, disputando o Campeonato do Inatel.
Trabalhei no União Carregueirense quatro épocas com a
equipa de Seniores, disputando o Campeonato do Inatel e a 3.ª Divisão.
Na Carregueira participei ainda, por várias vezes, no
Troféu “Carlos Arsénio” a treinar a equipa de iniciados, tendo jogado,
nomeadamente contra Benfica e Sporting.
1991 - Equipa Sénior do União Carregueirense
- Ganhou alguns títulos?
Quanto a títulos, fui Campeão Distrital de Iniciados
na época 77/78, com o Grupo Desportivo Chamusquense, o que nos deu acesso a
disputar o Campeonato Nacional. Fui
também Campeão Distrital de Juniores na época de 2001/2002, no União Desportiva
de Chamusca e várias vezes vice-campeão distrital em diversos escalões.
Época 2001/2002 - O capitão de equipa Eduardo Guita acarinha Vítor Cegonho após a vitória por 1-0 sobre o Grupo Desportivo Alferrarede, que deu o título de Campeão Distrital de Juniores à equipa da União Desportiva da Chamusca.
Época 2001/2002 - O capitão de equipa Eduardo Guita acarinha Vítor Cegonho após a vitória por 1-0 sobre o Grupo Desportivo Alferrarede, que deu o título de Campeão Distrital de Juniores à equipa da União Desportiva da Chamusca.
Época 2001/2002 - Equipa da União Desportiva de Chamusca festejando a conquista do título distrital de Juniores.
- Que motivações o levaram a despender tanto tempo ao
futebol?
A grande motivação que me ligou tantos anos ao
futebol, foi perceber o gosto e a paixão que tinha em trabalhar com crianças e
também o facto de ser um apaixonado pela modalidade, procurando transmitir ao
mesmo tempo todo o meu saber e conhecimentos para os treinos e para os jogos.
1980 - Iniciados do Grupo Desportivo Chamusquense
- Qual a importância do fair-play no futebol?
Para mim o fair-play no futebol tem muita importância
e é uma prática bonita de se ver quando é compreendida, no entanto é
preocupante o comportamento pela negativa de alguns dirigentes, treinadores,
atletas e apoiantes que pela sua dimensão podem fazê-lo deixar de existir.
- Várias gerações de crianças e jovens
passaram pela sua vida desportiva.
Entende que para além de treinador foi um
formador de homens?
Sem dúvida, para além de treinador tinha uma
preocupação constante em lhes transmitir, pela via do ensino, todos os
procedimentos necessários que o fizessem aprender que para além do atleta era
importante o Homem e o responsável pelo futuro.
- Sente que o seu trabalho foi importante para o
desporto e para a sociedade da Chamusca?
Senti sempre, ainda hoje sinto, a importância do meu
trabalho em prol do desporto da minha Terra. Acho que fui um homem dedicado,
teimoso, exigente, que procurou dar à Chamusca e à sua sociedade tudo aquilo
que merecem.
Quero ainda referenciar que alguns dos jogadores que
ajudei a formar, chegaram a jogar em
algumas equipas importantes no futebol nacional como a Académica e o Olhanense
e em várias equipas do Distrito, sendo um excelente referência para o desporto
e para a Chamusca.
- Como vê o momento actual do desporto na Chamusca?
Penso que o desporto na Chamusca passa por
dificuldades, que sempre existiram, contudo é necessário que pessoas com alguma
juventude se sintam capazes e responsáveis e lhe possam dar continuidade, para
podermos voltar aos êxitos do passado.
- E a nível nacional?
Quanto ao desporto a nível nacional, referencio as
modalidades amadoras: muita aplicação e pouco dinheiro. Nas modalidades
profissionais: muito dinheiro e pouca aplicação.
- Qual a mensagem que, como homem e
desportista, gostaria de deixar às pessoas?
Como homem e como desportista, quero aqui deixar a
mensagem a todas as pessoas em geral que, ao participarem no que quer que seja,
façam-no com o máximo respeito uns pelos outros, para que no futuro nos
possamos olhar de olhos nos olhos e com um sorriso nos lábios, de forma a
termos uma sociedade séria e saudável.
1991 - Vítor Cegonho, o seu filho João Miguel Cegonho, José Travassos, uma referência do Sporting Clube de Portugal e da Selecção Portuguesa e o Dr. João Loja, Ilustre Médico que exerceu durante anos na Chamusca
Alguns comentários à entrevista feitos através do facebook:
1991 - Vítor Cegonho, o seu filho João Miguel Cegonho, José Travassos, uma referência do Sporting Clube de Portugal e da Selecção Portuguesa e o Dr. João Loja, Ilustre Médico que exerceu durante anos na Chamusca
Alguns comentários à entrevista feitos através do facebook:
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