Parabéns Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca pelo
66.º aniversário, que se comemora hoje dia 25/04/2016.
Este blogue já lhe dedicou um tributo, publicado em 01/08/2014,
com o título BOMBEIROS, A CHAMA DA
SOLIDARIEDADE, contendo uma resenha histórica, várias fotografias,
entrevistas e outros aspectos elucidativos do desenvolvimento, trabalho,
coragem e dedicação dos homens e mulheres, Bombeiros, empenhados em colaborar e
contribuir para uma CAUSA
SOLIDÁRIA.
De todo o modo falar sobre este Movimento de Humanidade dos
Bombeiros é um assunto que não se esgota com a publicação de um único trabalho.
O seu dia-a-dia continua a ser o de zelar pela segurança e pelos cuidados a
prestar às populações, com uma motivação imensa e sempre renovada.
Com a eleição em finais de 2015 de um novo Comandante, Rui Miguel Saramago, e também de um novo Presidente, José Monteiro Januário, para
além do mérito das distinções atribuídas a elementos com muitos anos de
trabalho, esforço e entrega completa a esta Causa, como são exemplos os
subchefes António Emílio dos
Santos Rodrigues e Ernesto Martinho Cegonho,
parece-nos ser importante mais uma vez falar sobre as experiências destes
homens, conhecer as suas ideias, anseios e sentimentos, com o enorme
Agradecimento, Admiração e Respeito que merecem todos aqueles que pertencem à
Solidária e Fraterna FAMÍLIA
DOS BOMBEIROS.
*****
Muito obrigado ao meu Amigo João
José Matias Bento, um Homem que tem colaborado, participado e sido o grande
divulgador das várias actividades que se vão desenvolvendo pelo Concelho da
Chamusca (também ele membro da direcção da Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca, desde 2002, fazendo
parte do Conselho Fiscal), que colheu as entrevistas, tirou e solicitou as
fotografias que tornaram possível esta publicação, que pretende igualmente
sensibilizar a população, sobretudo os mais jovens, para participarem mais
activamente numa causa que deve ser Sentida e ABRAÇADA por todos nós.
*****
José Monteiro Januário, 55 anos de idade, engenheiro civil, de profissão, está há poucos meses
à frente dos destinos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca, como Presidente da Direção, eleita nos finais de 2015.
Que motivações o levaram a disponibilizar-se para integrar os quadros diretivos da Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca?
Há uns anos, não consigo precisar
quantos, numa sessão solene por altura do aniversário dos Bombeiros, tive a
honra de receber uma medalha dedicada ao meu avô José Máximo dos Santos, como
fundador da Associação. O ato em si muito simples, mas de enorme significado
para mim, despertou-me para uma realidade até então desconhecida, que o meu avô
tivesse sido um dos fundadores. A medalha é uma recordação que guardo
religiosamente com um enorme carinho e orgulho. Mas o sentimento e
principalmente respeito que tenho pela Associação, sobretudo pelo trabalho dos
voluntários, destes homens que fazem a Associação, surgiu nos fogos de Agosto
de 2003. Foram momentos de grande sofrimento para todos, que não esqueço, tendo
dado e colocado o meu contributo voluntário à disposição do nosso Município na
elaboração dos projetos de todas as novas habitações que foi necessário
construir por todo o Concelho para albergar os desalojados.
Há quantos anos integra as direções?
Integrei os elementos da Mesa da
Assembleia nos 2 mandatos anteriores. Tenho participado e apoiado a Associação
há vários anos com o meu trabalho na minha área profissional, sempre que me foi
solicitado.
Lidar com Eurico Monteiro incentivou-o ainda mais para vir a pertencer e a colaborar com aos
Bombeiros?
O ex-Presidente Eurico Monteiro é uma
referência para todos nós, ao qual a Associação será eternamente grata pela
dedicação de muitos anos ao seu serviço. Tive a sorte de estar envolvido
nalguns projetos com ele, dos quais resultou uma amizade e respeito mútuos. A
morte repentina e inesperada do Eurico ocorreu poucos dias antes das eleições
para os novos corpos gerentes 2016/2019, essa é a razão primeira que me levou a
encabeçar a lista da nova Direção, no respeito pelo seu trabalho e pela sua
memória.
Acompanhado pelo ex-Presidente Eurico Monteiro na inauguração do novo edifício de apoio dos bombeiros.
Eurico Monteiro emocionado perante a placa e a homenagem, através das quais a Associação lhe prestou o merecido agradecimento ainda em vida.
Eurico Monteiro emocionado perante a placa e a homenagem, através das quais a Associação lhe prestou o merecido agradecimento ainda em vida.
Está muito ligado à construção do novo edifício de apoio aos Bombeiros?
Em 2009/2010, a Direção convidou-me
para elaborar o projeto do novo edifício de apoio, que avançaria para a
construção na eventual possibilidade de financiamento e comparticipação
comunitária. Tivemos a sorte do projeto que apresentámos em Lisboa ser um dos
contemplados e aprovados de entre as dezenas de projetos apresentados pelas
várias Associações, e eu principalmente tive a honra de o projetar, acompanhar,
fiscalizar e inaugurar.
Descerrando a placa de inauguração do novo edifício de apoio
Como é que surgiu o convite para assumir a presidência da Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca?
Era impensável para mim, há uns meses
atrás, ser um dia Presidente desta Associação. Tenho uma vida profissional
muito preenchida, 90% do meu trabalho é fora do Concelho o que me obriga a
muitos km de estrada. Faço serão todos os dias, trabalho muitos fins de semana,
tenho uma dedicação quase doentia (mesmo muito doentia segundo a minha família)
à minha profissão e ao meu trabalho. Há, contudo, momentos da nossa vida em que
não podemos voltar costas às responsabilidades, e a lacuna da morte do Eurico obrigou-nos a tomar decisões rápidas, das quais resultou a proposta dos
restantes elementos de encabeçar a lista. Não sei se foi a escolha certa pelos
muitos defeitos e inúmeras limitações que entendo ter para a responsabilidade
deste cargo, mas é um projeto que abracei desde a primeira hora e ao qual me
dedico a 100%.
Como foram estes primeiros meses de mandato como presidente? Tem sentido
o apoio de todos?
Estes primeiros meses de mandato (já
me parecem anos) têm sido principalmente de aprendizagem e adaptação a
realidades até agora desconhecidas. Não é uma tarefa fácil, ocupa muito do meu
tempo, mas não o considero tempo perdido, pelo contrário, tem sido uma
experiência aliciante e muito enriquecedora. Os defeitos e limitações que
referi têm-se ultrapassado com o apoio dos restantes elementos da Direção, dado
que funcionamos como um todo com objetivos comuns. Contamos na Direção com dois
pesos pesados, com muitos anos de experiência e sabedoria, os comandantes
Manuel Rufino e João Saramago que nos têm ajudado, elucidado e principalmente
orientado na tomada das decisões mais importantes e complexas, principalmente
nas áreas ligadas ao pessoal e à operacionalidade que se pretende do corpo de
bombeiros. Temos um quadro de comando e de pessoal que entendo ser de excelência
e nos facilita a gestão corrente.
Como Presidente, preocupa-o a renovação do corpo ativo dos bombeiros?
O nosso corpo ativo de Voluntários é
dos mais reduzidos do Distrito. Esta é uma dura realidade que encontrei e que
se tem vindo a agravar ao longo dos anos, um problema grave de estrutura
operacional de voluntariado, para a qual não temos nem sabemos qual a solução
imediata mas que pretendemos reverter. Será uma tarefa difícil, mas é nosso
objetivo, a partir de Maio, iniciar ações de sensibilização junto dos jovens
pelo Concelho e dinamizar ações de natureza cultural, desportiva e social que
levem os jovens a procurar, a conhecer e integrar a nossa casa.
Qual o estado do parque de viaturas?
O parque de viaturas está
dimensionado e foi recentemente estruturado e renovado para a prestação dos
cuidados de saúde e de emergência que prestamos, entendendo-se não ser de
momento necessária qualquer restruturação.
Com a mulher, ladeado por algumas viaturas da Associação.
Com a mulher, ladeado por algumas viaturas da Associação.
Continua a haver um grande relacionamento com a Câmara Municipal da
Chamusca?
A Câmara Municipal de Chamusca é o
maior parceiro dos bombeiros e, sejamos francos e honestos, sem os protocolos
celebrados entre Associações e Municípios seria de todo impossível manter
qualquer estrutura operacional em normal funcionamento e com alguma saúde
financeira. Mas a responsabilidade primeira do Município é a de servir a população
e o seu Concelho, sendo essa também a nossa prioridade. Convergindo para objetivos comuns é fácil o
entendimento e tem sido excelente o relacionamento.
Qual o seu incentivo e a sua mensagem aos Bombeiros e à população do
concelho da Chamusca?
Aos Bombeiros o meu apreço, o meu
respeito pelo trabalho e dedicação que demonstram dia a dia no exercício da sua
função e a garantia da minha total disponibilidade. À população, principalmente
aos jovens, um incentivo a que nos procurem, se juntem a nós e nos ajudem a dar
continuidade a esta missão de dar um pouco de nós aos outros. Aos sócios que
sejam mais responsáveis, participativos e interventivos nas sugestões e
decisões desta casa que é de todos, principalmente nas Assembleias que
continuam ano após ano, totalmente esvaziadas.
*****
Para Rui Miguel Saramago, 43 anos, o quartel dos Bombeiros da
Chamusca é a sua segunda casa. Desde criança que começou a frequentar
aquela Associação. Foi pela mão de seu pai, João Saramago (antigo adjunto e
segundo comandante) que entrou para os Bombeiros, há 28 anos, dando início a um
percurso de muito trabalho, empenhamento e dedicação. Há cerca de três anos foi
proposto para ajudante de comando, tendo tomado posse como Comandante há cerca
de um ano, por proposta de Manuel Rufino, ex- comandante, e da direção, devido às
suas qualificações adquiridas nos diversos cursos que frequentou durante vários
anos.
Que motivações o fizeram vir para os
Bombeiros?
O que me trouxe para os bombeiros foi
a influência de meu pai, que desde muito novo me trazia com ele para esta casa,
onde comecei a familiarizar-me com a família dos bombeiros, onde era muito
acarinhado e incentivado. Também fui durante muitos anos a coqueluche dos mais
velhos, que com as suas brincadeiras e ensinamentos me prepararam para aquilo
que sou hoje.
Por outro lado, vir para os Bombeiros
era ter acesso a coisas que os jovens lá fora não tinham, por isso fui ganhando
gosto por esta causa, não só eu mas também outros jovens. Agora tudo mudou,
houve uma grande mudança, na ordem dos 360 graus, relativamente aos jovens se
identificarem e gostarem dos bombeiros. Agora têm tudo, mas falta-lhes muito
amor ao próximo e também a esta causa.
A continência do pai, João Saramago.
Como é que os bombeiros mais velhos recebiam os mais novos na época em
que começou?
Recebiam-nos sempre muito bem, havia
um grande carinho, muita amizade e um grande respeito mútuo Isso aconteceu
comigo que cresci cá dentro e fui durante muitos anos a mascote dos bombeiros,
servindo para as suas brincadeiras (praxes, mas sem haver maldades). Desse modo
aprendi a ganhar experiência, o que me fez evoluir como pessoa e muito como
bombeiro, já que era visto como homem integrado na família dos bombeiros. Tudo
isto foi muito vantajoso, porque adquiri muitas aptidões, nestes 28 anos, com
as histórias de vida dos mais velhos. Com estas lições de vida não trilhei
outros caminhos menos corretos, o que aconteceu com alguns jovens daqueles
tempos que não foram capazes de se integrar nestas e noutras causas. Este
relacionamento foi muito bom e tenho um carinho muito especial por todos.
Acompanhado de um dos bombeiros mais antigos, Manuel João Nalha de Oliveira
Acompanhado de um dos bombeiros mais antigos, Manuel João Nalha de Oliveira
Muitos fogos, muitos acidentes, mas há sempre aqueles que deixam as suas
marcas?
Estes
28 anos foram de muita atividade e ficam sempre na memória algumas situações
que deixam as suas marcas. Recordo aqui um grave acidente de viação, ocorrido na
Murta, onde estiveram envolvidas três viaturas. Nós fomos chamados e deparamos
com feridos bastante graves, entre eles uma jovem de 6 anos, a quem fizemos
tudo para a reanimar, mas não foi possível salvá-la. Também lembro o acidente
com o Jorge Barreiras, natural de Ulme, que muito me marcou e de quem era muito amigo.
Quanto
a fogos, eu não fujo à regra, os que mais me marcaram foram os fogos de 2003 na
Chamusca. Mais de 20 mil hectares de floresta e culturas desapareceram em
poucas horas.
Senti uma grande impotência por
querer chegar a todo o lado e não conseguir, porque o fogo estava a alastrar
pelo concelho fora. A violência dos incêndios, as mortes e a dor das famílias
ainda mexem com o meu íntimo. Também foi marcante porque estava de férias e fui
chamado para voltar o mais rápido possível, porque a Chamusca estava em chamas
e tinha a consciência que era urgente vir cumprir a minha missão.
Agosto de 2003. O contraste entre as cinzas da charneca ardida e do verde da lezíria.
Agosto de 2003. Bombeiros lutando contra uma das frentes dos fogos.
Agosto de 2003. O contraste entre as cinzas da charneca ardida e do verde da lezíria.
Agosto de 2003. Bombeiros lutando contra uma das frentes dos fogos.
Que diferença nota dos tempos em que entrou para os bombeiros e o momento atual?
Houve
uma grande evolução naquilo que é a organização dos bombeiros. Deu-se uma
grande restruturação. Todos os 37 homens no ativo têm as devidas competências
para atuar nas mais diversas áreas.
Corpo activo dos Bombeiros depois de um exercício de derrame de produtos tóxicos.
Corpo activo dos Bombeiros depois de um exercício de derrame de produtos tóxicos.
No
que se refere às infraestruturas estamos bem. A Associação tem feito um esforço
enorme para dotar o corpo ativo das melhores condições para que estejamos
sempre operacionais. Este é um trabalho na linha do que vinha sendo feito pelo
antigo comandante, Manuel Rufino.
Sei que nem sempre se tem tudo, mas
só com o tempo se vai gerindo o que falta e o que é mais prioritário dentro das
disponibilidades da Associação. Volto aqui a frisar que a nível de equipamento
e formação, estamos bem, mas a grande lacuna é a falta de aderência ao
voluntariado, sobretudo dos jovens.
Esperava alguma vez ser nomeado ou convidado a assumir o Comando do corpo
ativo da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Chamusca?
Sou
bombeiro de carreira. Não vou dizer que não pensava e não gostava de assumir esse
cargo, mas para isso suceder teria que haver condições para tal. No ano de 2013
fui convidado pelo ex-comandante Manuel Rufino, com a concordância da direção,
para assumir as funções de adjunto de comando e posteriormente a de comandante.
Abracei com o meu total empenhamento estas funções propostas pela direção e
pelo comando.
Sei
que não agrado a todos, mas acima de tudo está o bom nome dos Bombeiros. Com
tão pouco tempo no cargo de comandante, pouco ou nada se nota, só o tempo e a
experiência adquirida poderão confirmar a minha capacidade de liderança.
No seu primeiro discurso como Comandante.
Com a mulher e os filhos. Muito importantes no seu trajecto familiar e profissional.
O ex-comandante Manuel Rufino que, com uma experiência de muitos anos de comando, viu em Rui Saramago competências para assumir o cargo de Comandante.
Com a mulher e os filhos. Muito importantes no seu trajecto familiar e profissional.
Esta sua nomeação para comandante foi bem aceite pelos seus companheiros?
Cada
um vale o que vale, são 40 cabeças a pensar e de formas diferentes e nunca se
pode agradar a todos. Eu não fui nomeado para agradar, estou aqui para comandar
e elevar o bom nome da Associação e do seu corpo ativo. Só com o grupo todo
unido me é possível comandar. Tento ser o mais assertivo possível, basta não se
cumprir as regras e lá está o comandante a ter que intervir.
Quando
assumi o comando, tive algum grau de dificuldade. Isso foi evidente. Bombeiro há
28 anos, conheço todo o pessoal, fui com eles bombeiro de carreira, relacionando-nos
no dia a dia. Mas agora o comportamento da minha parte é diferente, porque a
minha função é outra, contudo há um grande respeito e frontalidade por parte de
todos os bombeiros.
Marchando unidos por causas fundamentais: elevar o bom nome da Associação e servir as populações.
É difícil dirigir pessoas?
É bastante complicado, num sistema
onde há muitas regras, onde tem que imperar a disciplina e o bom comportamento. O que
agora se nota é que não há o serviço militar obrigatório, pois era na tropa que
se aprendiam muitas das regras disciplinares. Não havendo essa experiência, é
necessário incutir no espirito dos bombeiros mais novos todos esses conceitos,
o comportamento, o cumprimento de regras e determinações. Por isso digo muitas
vezes que a tropa foi a minha segunda escola, onde eramos educados,
disciplinados, onde havia regras e horários, formaturas e muitas outras coisas
que agora têm que ser aqui ministradas e aprendidas, o que para muitos é
complicado, porque todos procuram os seus direitos, mas é preciso dizer-lhes
que também têm deveres.
Estamos na parte final da nossa entrevista, uma palavra de sensibilização
aos Bombeiros e à população da Chamusca?
Quanto aos Bombeiros, louvo o grande esforço
familiar que fazem, a sua abnegação e dedicação, abdicando do seu tempo, do
lazer, do convívio dos seus.
Para os jovens da Chamusca uma
simples mensagem, que comecem a despertar e a viver mais para a causa dos
bombeiros. Eu tenho uma mão cheia de nada para lhes oferecer. Os incentivos ao
voluntariado não existem. As instituições ao nível nacional terão de olhar com
outros olhos para a questão do voluntariado, criando incentivos para que os
jovens olhem para os Bombeiros de outra forma.
Contudo
tenho uma coisa muito importante para dar a essa juventude, que é o fazer o bem
sem olhar a quem, estar próximo das pessoas, porque ser bombeiro é isso mesmo, participar
numa missão de solidariedade.
Relativamente à população o que posso garantir
é que somos poucos, mas estamos altamente treinados e preparados para responder
a todas as solicitações que as pessoas nos façam e a ajudar quando necessitem.
Gostava que nos vissem sempre desta forma e com o nosso lema sempre presente “
Vida por Vida”.
As pessoas do Concelho da Chamusca também acompanham com muito empenho a vida da sua Associação de Bombeiros. Nesta ocasião, no dia 25/04/2015, nem a chuva aos desmobilizou nas comemorações do 65.º aniversário, que contou com a presença do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
As pessoas do Concelho da Chamusca também acompanham com muito empenho a vida da sua Associação de Bombeiros. Nesta ocasião, no dia 25/04/2015, nem a chuva aos desmobilizou nas comemorações do 65.º aniversário, que contou com a presença do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
*****
António Emílio Rodrigues, 58 anos de idade, entrou para os Bombeiros, em 1975, foi
distinguido com o Crachá de Ouro, pela Liga dos Bombeiros Portugueses, no dia
25 de Abril de 2015, dia dos 65 anos da Associação Humanitária de Bombeiros
Voluntários de Chamusca, pelo seu total empenhamento, dedicação e disponibilidade
ao longo de todos estes anos ao serviço do bem comum.
O que é preciso um bombeiro fazer para merecer a enorme distinção de
receber o Crachá de Ouro, da Liga dos Bombeiros Portugueses?
Penso que isso só foi possível e se
deveu à minha dedicação aos Bombeiros da Chamusca nestes 40 anos. A qualquer
hora do dia ou da noite, estive sempre disponível para servir a causa de dar “
Vida por Vida”. Estive sempre disponível para colaborar com a Associação e com
o Corpo Ativo.
O diploma do crachá de ouro.
O que é que sentiu quando foi chamado para receber o Crachá de Ouro?
Não há palavras para descrever a
minha emoção. As lágrimas de alegria correram-me pela cara abaixo. Só
desconfiei quando me mandaram retirar as medalhas que tinha ao peito e pensei que
algo se ia passar. Estava longe de tal ideia de ser agraciado com o Crachá de
Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses, pela dedicação à Associação Humanitária
de Bombeiros Voluntários de Chamusca. Este foi um dia que ficará para sempre na
minha memória.
De rosto emocionado, enquanto aguardava ser agraciado com o crachá de ouro.
O ex-Presidente da Associação, colocando-lhe a crachá de ouro sob o olhar do Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Nesta sua longa atividade, teve que acorrer e intervir em muitas
ocorrências, qual a que lhe deixou mais marcas?
Ao longo da minha vida nos Bombeiros
fui solicitado para muitas e muitas ocorrências. Fogos, acidentes e tantas
outras, mas a que deixou marcas muito profundas foi o fogo de 2003 na Chamusca.
Sentir que tudo o que sabíamos e tínhamos aprendido não chegava. Sentíamo-nos
impotentes, porque queríamos chegar a todos lados e não conseguíamos combater a
tragédia que se abateu sobre o concelho da Chamusca.
O fogo de 2003 chegou à Rua do Vale, no centro da Vila da Chamusca.
Conseguiu transmitir à família o
bichinho dos Bombeiros!?
Realmente isso aconteceu comigo. Tenho
um filho de 34 anos que é atualmente bombeiro de 2.ª. Veio para cá muito jovem
e tem nesta altura várias formações na área do socorro e incêndios e grandes responsabilidades no corpo ativo dos Bombeiros da Chamusca.
O seu filho, Luís António Rodrigues, durante um exercício de simulação.
Espera continuar ainda muito tempo nos
Bombeiros?
Quero continuar pelo menos até aos 60
anos. Depois terei de ver como estou fisicamente e se as minhas capacidades se
mantêm. Se vir que não consigo, solicito o Quadro de Honra. Mas o que eu
gostava realmente que acontecesse, enquanto estou no ativo, é que a malta mais
nova viesse até aos bombeiros com mentalidade e a certeza de poder ajudar os
outros.
*****
Ernesto Cegonho, 71 anos de idade, está nos Bombeiros Voluntários da
Chamusca desde 1971. Apesar já não fazer parte do ativo está no Quadro de Honra
e continua a dar o seu contributo empenhado na direção da fanfarra. Nos
festejos dos 65 anos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de
Chamusca, foi homenageado precisamente pela sua dedicação à fanfarra.
Tem uma longa vida ao serviço dos
Bombeiros?
É verdade. São
já cerca de 45 anos ao serviço de uma grande causa. Apesar de já estar no
quadro de Honra, ainda por cá continuo e sinto-me muito bem junto dos jovens dirigindo
a fanfarra.
Que momentos mais o marcaram nestes quase
45 anos, ao serviço dos Bombeiros?
Tive
momentos muito difíceis, como os fogos de 2003, mas o que mais me ficou na
memória foi o fogo na casa de habitação da D.ª Maria José Guimarães. Depois de
retirar alguns bens materiais, ao sair pela janela e quando já estava a alcançar
a escada de incêndio o teto ruiu. Foi por segundos que não fique lá debaixo.
O que é que sentiu ao ser homenageado pelo
seu empenho ao serviço da fanfarra da Associação?
Senti-me muito satisfeito e feliz, porque reconheceram o meu
trabalho na formação da fanfarra e o facto de ter conseguido fazer a sua
renovação, havendo agora mais qualidade entre os elementos que a compõem. Tudo isto
era motivo de orgulho para o presidente Eurico Monteiro e para a Direção da
Associação.
Recebendo a placa de homenagem das mãos de Eurico Monteiro, ex-Presidente da Associação.
A satisfação de ter sido distinguido.
A placa da homenagem.
Recebendo a placa de homenagem das mãos de Eurico Monteiro, ex-Presidente da Associação.
A satisfação de ter sido distinguido.
A placa da homenagem.
Como é que surgiu a ideia de formar uma
fanfarra nos Bombeiros da Chamusca?
Quando estive na tropa toquei numa
charanga. Houve até um sargento que me pediu para eu tocar tambor e caixa e a
coisa resultou. Ainda toquei também contrabaixo.
Quando
vim, em 1974, encontrei uma pequena fanfarra nos Bombeiros da Chamusca, onde
toquei, mas durou pouco tempo. Passados que foram alguns anos falei com o 2.º
comandante, João Saramago, e disse-lhe que tínhamos que organizar uma fanfarra.
Ele respondeu-me que se ia pensar nisso, mas o tempo foi passando e só na
direção liderada pelo Eurico Monteiro (já falecido), foi possível concretizar
essa aspiração, porque também ele gostava muito de fanfarras.
Como lhe chegou o convite para dirigir a fanfarra?
Foi de uma
forma muito simples. Um dia ao escutar o rufar dos tambores não resisti e o
maestro, que era de Minde, mandou-me tocar tambores. Ao ouvir-me, falou com o
comandante dos Bombeiros e disse-lhe: “Já temos maestro.”
Na fase inicial da Fanfarra não haviam
tantos jovens?
É verdade.
Era constituída por homens mais velhos, que até eram meus amigos, e que talvez
não gostassem da parte onde tinham de ter regras e que não aceitavam tantos
jovens na fanfarra. Com a saída de alguns deles tive de reunir gente mais
jovem, que é agora a maioria esmagadora dos músicos da fanfarra.
No regresso ao Quartel depois de mais uma actuação pelas ruas da Chamusca, sendo visível o elevado número de jovens que compõem a fanfarra.
No regresso ao Quartel depois de mais uma actuação pelas ruas da Chamusca, sendo visível o elevado número de jovens que compõem a fanfarra.
Como é lidar com estes jovens?
É muito
gratificante, comecei por lhes ensinar a estarem em formatura, a obedecer nos
ensaios e nas atuações. Já atuamos em procissões, festas e arraiais, desfiles,
festas de Natal e inaugurações. Recentemente estivemos em Almeirim, no
lançamento da primeira pedra do edifício dos Bombeiros.
Numa actuação pelas ruas de Lisboa.
Numa actuação pelas ruas de Lisboa.
Os jovens aderem muito à fanfarra?
Sim, têm vindo até nós vários jovens. Alguns
estão cá pouco tempo, mas outros querem mesmo seguir na fanfarra. Sinto-me
feliz por estar com eles, todos me respeitam, e por isso enquanto puder e me
deixarem irei andar por cá.
*****
Quadro contendo os cargos, o número de sócio e os nomes dos actuais membros da Direcção